Sinopse

Firma seu ponto e vem caminhar por essa escrita que surge na gira de várias vidas. Nesse livro eu percebo a percussão da fala de Nego Bispo (Antônio Bispo dos Santos), que resume bem quem a gente é: somos um povo de começo, meio e começo. Essa leitura desperta a vontade de perguntar quando será o próximo, e o próximo do próximo, porque são séculos de vivências nesse território Matição que nunca vai acabar. Várias gerações passaram e não termina por aqui.

Esse momento-livro da história da comunidade surge de outra história linda, entre a fé de um povo e seu modo orgânico de ser e viver, que acolheu trabalhadores da pesquisa, e os acompanhou numa caminhada de realizações que extrapolaram o convencional. Até que um dia se soltaram as mãos, deixando a sabedoria firmada na memória. Temos aqui um livro kilombola se desdobrando da escrita acadêmica que se confunde nas palavras da oralidade escrita. Quando um(a) pesquisador(a) adentra em nosso território, ele(a) pode se e se tornar um(a) akilombado(a), quando, na sua volta para a universidade, não escreve só para receber um canudo diplomado, mas para realizar um compromisso firmado naquela relação convivida. Esse efeito fora da curva eu posso chamar de controcolonizar a literatura – já que tantas vezes nos descrevem em linha reta, não respeitando que nós somos circulares. Que a luz Divina acompanhe seu olhar nesse ponto riscado em palavras de kilombu.

Makota Kidoiale – Kilombu Manzo Ngunzo Kaiango (BH, MG)
Professora mestra vinculada ao Programa de Formação Transversal em Saberes Tradicionais da UFMG

Detalhes da Obra

ISBN: 9786557490785
Organizadores: Fernanda de Oliveira e Leandro César
Dimensões: 16 x 22 cm
Páginas: 168